quarta-feira, 6 de março de 2013

Feliz Aniversário - Clarice Lispector

  
Livro Laços de Família
Imagem retirada do site Uol
  Feliz aniversário, conto de Clarice Lispector está incluído na obra Laços de família, lançado em 1960.

  Em Feliz aniversário, a infelicidade é o que está escondido atrás felicidade da festa de aniversário de D. Anita, uma senhora que completa oitenta e nove anos.


  Zilda, a filha com quem a aniversariante mora, organiza a casa para receber a família. Aos poucos, os convidados vão chegando: os filhos, as noras, os netos... quase todos presentes ali, apenas pela obrigação. 


  Zilda é uma personagem que se sente no dever de realizar uma festa de aniversário para sua mãe. Arruma a casa, ocupa-se com os preparativos e convida os familiares para a comemoração. Assim, é possível perceber que Zilda se sente revoltada por ter que ser a única responsável por organizar tudo aquilo. 


  Não apenas a dona da casa, mas todos os parentes estão apenas "cumprindo sua tarefa", sem vontade nenhuma de estar ali. 


  Ela tenta manter a impressão que ainda há algum laço familiar entre os indivíduos presentes na festa de sua mãe. 


  D. Anita, nada ingênua, percebe tal fato e fica decepcionada com os familiares. Ela consegue perceber qual papel cada um está representando: alguns tentando ter um falso envolvimento com os outros, e que todos estão ali por obrigação.
  

  Mesmo com todas as manifestações de carinho, admiração, afeto que recebe, a velha se conserva seu silêncio. Vista de fora, é só uma velha feliz,  ainda inteira, cercada dos descendentes queridos que celebram sua longevidade.

  Mas por dentro, D. Anita despreza os seres infelizes e falsos que gerou. Pessoas que fingem a felicidade, enquanto sofrem por dentro sem nem mesmo perceber que isso está acontecendo. Pessoas que não sabem lidar com os próprios sentimentos e que não suportam os pensamentos.

  Através do narrador, é possível observar constantemente a decepção e angústia de D. Anita por meio de seus pensamentos, onde estão os julgamentos negativos referentes aos membros de sua família, durante a festa.

  O ato de cuspir no chão, é a figura que manifesta, o fato de os laços familiares não se sustentarem mais. Com essa atitude, por outro lado, a senhora provoca a raiva da filha Zilda, que teme a não aprovação dos irmãos.

  As reações violentas da aniversariante interrompem antecipadamente a festa. O ritual ainda se estende um pouco mais, os familiares se esforçam para sustentar uma felicidade que já foi denunciada como falsa. Os filhos, que quase nunca se viam ou se falavam, apressam-se nas despedidas.


  Cantam os parabéns, “festejam”, logo em seguida se despedem e vão embora. Percebe-se, então, que a festa de aniversário foi apenas feita de aparências e relações falsas.



Atividade proposta pela professora Ilvanita, de Língua Portuguesa, que nos orientou a ler este conto, entre outros, para nos aprofundarmos nos contos psicológicos, gênero estudado em sala de aula.

0 comentários:

Postar um comentário